A diplomacia culinária como uma das principais ferramentas de influência

Autoria por: Jessica Freitas, analista de redação da ANAPRI

Revisado por: Elaie Silva da Luz, coordenadora de comunicação e redação da ANAPRI.

A gastrodiplomacia, ou diplomacia culinária, é uma das várias formas da aplicação de Soft Power por um Estado para com o cenário internacional. O muito citado Soft Power é uma das estratégias mais presentes no cotidiano, símbolos culturais como “a culinária, despertam o interesse e a curiosidade das pessoas e exercem enorme influência sobre a sua percepção. Por esse motivo, embora seja difícil quantificar precisamente os resultados que a utilização do soft power traz para uma nação,

seus efeitos trazem benefícios. A adoção dessa política torna-se muito interessante do ponto de vista de um Estado, tendo em vista os seus resultados” (PARREIRA, 2019).

Há muitos exemplos de como a gastrodiplomacia é uma das melhores formas de divulgação da imagem de um país, fortalecendo as relações e a sua economia, rapidamente podemos citar as massas italianas, as peças de sushi japonesas, os tacos mexicanos e os hambúrgueres típicos do Estados Unidos muito presentes nas rotinas dos brasileiros, seja pelo consumo ou por simplesmente passar na frente de um desses restaurantes, e assim como somos influenciados, também influenciamos. A gastronomia brasileira, tão rica e diversificada, está se qualificando como gastrodiplomacia também, prova disso foi a 1ª Bienal de Gastronomia de Belo Horizonte realizada em 2023, cidade esta que recebeu o título de Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO, dentre os objetivos desse evento o fortalecimento da culinária brasileira e, em especial, dos pratos mineiros, era um tópico central, colocando BH como ponto turístico gastronômico da América do Sul, segundo o realizador da Bienal, Gilberto Castro (CNN).

Além de Belo Horizonte, outras três cidades brasileiras também possuem o título de Cidades Criativas da Gastronomia, são elas: Belém (PA), Paraty (RJ) e Florianópolis (SC), essa que sediou, também em 2023, o I Encontro Brasileiro das Cidades Criativas UNESCO da Gastronomia, que visou principalmente o turismo internacional e economia (EMBRATUR).

Apesar do pouco apoio para a diplomacia culinária brasileira, fica claro o seu potencial e o seu certo impacto positivo para a imagem do país como um todo. O Brasil já tem uma exportação de alimentos em alto nível, a gastrodiplomacia tende a ampliar tanto em quantidade como em variedade de produtos alimentícios exportados, principalmente aqueles que remetem especificamente a culinária brasileira, assim como, o turismo também ganha com a gastrodiplomacia. E para além das questões econômicas, a gastronomia consegue promover discussões sobre cultura e história, a diplomacia gastronômica aproxima pessoas e nações, gerando cooperação e acolhimento, afinal “o conhecimento da cultura do outro, mais especificamente sua comida, gera maior empatia, desperta a curiosidade, a atração e aproxima povos e nações.” (PARREIRA, 2019)

Referências:

PARREIRA, Maria Rita Martins do Couto. Gastrodiplomacia: o uso da gastronomia como fonte de soft power por Tailândia, Peru, Coreia do Sul e Malásia. 2019. 32 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações Internacionais) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019.

CNN. 1a Bienal da Gastronomia de BH leva chefs do Brasil e do mundo à capital mineira. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/viagemegastronomia/viagem/1a-bienal-da-gastronomia-de-bh-leva-chefs-do-brasil-e-do-mundo-a-capital-mineira/>. Acesso em: 11 set. 2024.

I Encontro Brasileiro das Cidades Criativas Unesco da Gastronomia realiza capacitação para o setor do turismo. Disponível em: <https://embratur.com.br/2023/08/04/embratur-participa-do-i-encontro-brasileiro-das-cidades-criativas-unesco-da-gastronomia/>. Acesso em: 11 set. 2024.

 

Sobre a autora: Jessica Freitas, acadêmica de relações internacionais, pesquisadora das comunicações políticas e mídia, voluntária em 4 projetos/ONGs