Autora: Jessica Freitas
Revisado por: Elaine Silva da Luz, coordenadora de comunicação e redação da ANAPRI.
O movimento iniciado por fãs argentinos da cantora americana Taylor Swift contra o candidato Javier Milei, ultradireitista, que está disputando o segundo turno das eleições presidenciais da Argentina, foi visto durante shows recentes da turnê mundial da artista, que passou por esse país.
Após o posicionamento da cantora contra Donald Trump, também da extrema direita, nas últimas eleições no EUA, os chamados “swifties” se embasam na colocação anti direita de Taylor para fixar cartazes e confeccionar as famosas “pulseiras da amizade” com propaganda contra Milei, inclusive igualando o candidato ao ex-presidente dos Estados Unidos, Trump, com a hashtag “Milei is Trump”, e sendo comparado, também ao ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (também de direita).
Apesar de não ter se pronunciado diretamente sobre as eleições argentinas, todo pronunciamento que um artista no nível de Taylor Swift faz repercute e é lembrado pela sociedade, principalmente entre os mais jovens, público predominante no mundo pop e maioria que se posiciona contra politicas liberais e de direita, principalmente na América.
No Brasil, o posicionamento político de artistas de alcance internacional, também foi muito presente nas últimas duas eleições presidenciais, porém de forma mais explícita, as cantoras Dua Lipa e Madona se colocaram contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 em suas redes sociais, outro exemplo mais recente (2022) foi da cantora Adele, que aderiu ao brado “Fora Bolsonaro” em um show.
Tais ações naturalmente causam mudanças no cenário político, talvez, não a ponto de uma mudança drástica de resultados eleitorais, mas sem dúvida, a participação política desses artistas aumenta a participação da comunidade eleitoreira, especialmente a E-participação, já que a comunicação de famosos com o seu público parte principalmente pela internet, nas
redes sociais; é evidente a influência de famosos na construção de eleitorado, mesmo que não mude alguns resultados, essas declarações junto com os comentários de seus seguidores, mesmo que com baixa efetividade, influência sim decisões de parlamentares, candidatos e políticas, pois “funciona como uma forma de pressão, consolidando desta forma as práticas democráticas” (Marchisotti et al, 2016).
As ações dos fãs da “Miss Americana”, também vão de encontro a onda de líderes da esquerda que vem sendo observada na América desde 2019, países como México, Bolívia, Peru, Honduras, Chile, Colômbia e até a própria Argentina, foram os primeiros a voltarem com líderes de partidos considerados de esquerda, o Brasil deu prosseguimento a possível nova “Onda rosa” com as eleições de 2022, e agora, uma parte da população argentina quer a continuidade de uma liderança esquerdista em sua nação.
Com isso, naturalmente se percebe que sim, a influência direta ou indireta de artistas de peso podem gerar mudanças, por vezes não imediatas, mas ainda significativas, seja por um posicionamento contra políticas e falas que ferem algum grupo, seja apenas incentivando o voto e a participação da população mais jovem na política ou por deixar claro o apoio a um certo candidato ou vertente política. Assim, cresce a necessidade de um olhar mais atento ao que os famosos estão fazendo pela política nacional e internacional, além de quais as consequências de seus posicionamentos e não posicionamentos, afinal não é de hoje que política, também, é arte e arte é política.