A Teoria da Dependência

Autor: Pedro Solon Assis Ramelli

Revisado por: Elaine Silva da Luz, coordenadora de comunicação e redação da ANAPRI

A Teoria da Dependência deriva de uma perspectiva da importância na divisão de classes das sociedades dos países emergentes, configurando a emergência dos antagonismos inerentes à luta de classes. Partindo do reconhecimento dos responsáveis das ações, esse domínio estrutural corrobora em uma transformação dentro da economia mundial capitalista, o subdesenvolvimento. No âmbito das relações internacionais, o método de acúmulo de capital é um dos propulsores fundamentais da modernidade, em que há a permuta da produção do interior decorrente de uma abundância de recursos e perpetua as desigualdades sociais. A configuração da utilização do excedente de produção, assim como a posição social ocupada pelo coletivo que efetua sua apropriação, são componentes imprescindíveis do processo social que impulsiona a gênese do desenvolvimento. Adentrando no contexto brasileiro, um exemplo histórico é o tributo da escravidão que era revertido em prol do grupo dominante, promovendo um enriquecimento nos padrões de consumo de um seleto grupo.

Com efeito, a Teoria da Dependência é, geralmente, atrelada ao materialismo histórico-dialético e discorre sobre a inserção dos países periféricos no sistema político-econômico mundial, sendo o desenvolvimento dessas periferias subordinadas às economias dos países de centro. O crescimento econômico está atrelado ao grau de subordinação externa que, quanto maior, menor a probabilidade de desenvolvimento pela correlação da política econômica geral dos Estados dentro do sistema de interdependências. O processo de industrialização dos países emergentes serve como uma marionete para os países centrais, pois a demanda é vinculada aos objetivos externos dos países dominantes e não a uma demanda prioritária dos dependentes. Consequentemente, há a descapitalização e o endividamento exponencial, ou seja, um elemento desfavorável é, de forma simultânea, a causa e o resultado de fatores negativos, os quais colaboram para o aumento das riquezas dos mais ricos, e o aumento da pobreza dos mais pobres.

Com isso, o sistema capitalista colaborou para a estagnação das periferias perante ao centro hegemônico imperialista com sua acumulação e avanço tecnológico, apesar das tentativas de industrialização dos emergentes. As nações que são fontes de inovação tecnológica exercem influência sobre os valores culturais e os modelos de consumo adotados pelas sociedades periféricas. Isso ocorre de forma gradual pois, ao se inserirem nas economias periféricas, estabelecem um arranjo dualista estrutural de natureza cultural. Nesse contexto, emerge um setor moderno e avançado que reverbera os padrões culturais emanados das nações desenvolvidas, simultaneamente a um setor marginalizado e retardatário em termos dos paradigmas modernos de progresso. Assim, a minoria dominante periférica reproduz sua ação dentro da sociedade que se identifica com valores culturais e ideológicos centrais, marginalizando seus próprios valores nacionais.

REFERÊNCIAS

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