AS RELAÇÕES EM EIXO

Autor: Pedro Solon Assis Ramelli

Revisado por: Elaine Silva da Luz, coordenadora de comunicação e redação da ANAPRI

As relações em eixo representam uma relação singular entre duas potências vizinhas, caracterizadas por uma contiguidade territorial – nações que fazem fronteiras entre si – e uma complementaridade econômica proveitosa. Para a autora Patrício (2006), a junção da contiguidade territorial e os fatores de poder de atuação, influência e constrangimento, resultam em relações com um paradigma especial na criação, condução e consolidação dos processos graduais de integração regional. Assim, há dois exemplos destacados, sendo os eixos franco-alemão e argentino-brasileira, nos quais há alternância da supremacia entre os Estados rivais, em que o desenvolvimento está diretamente ligado ao do eixo dos países, influenciando continuamente suas regiões.

Com efeito, essa dinâmica pendular, marcada por tempos de rivalidade e cooperação, vai além do âmbito econômico e político, abrangendo elementos culturais, psicológicos e sociais, devido às interações entre os povos que convivem perto um do outro. Além disso, a parceria não se restringe ao eixo e reflete, também, a capacidade de integração de determinada região, pois ambas são forças-motrizes para o funcionamento da cooperação. Neste século, a rivalidade histórica tem sido marginalizada para a implementação de uma abordagem cooperativa, com Autoridades Comuns regulando o comportamento dos Estados e promovendo uma narrativa unificadora. Com isso, mesmo com o presidente eleito de extrema-direita, Javier Milei, as declarações pejorativas contra os BRICS e MERCOSUL não serão suficientes para desestimular a integração, pois nos anos anteriores o objetivo era a estimulação da identificação binacional das identidades nacionais, em que consolidou uma base para as relações em eixo e estabeleceu uma identificação regional legitimada pelas populações locais.

Em última análise, e adentrando na teoria de relações internacionais, o sistema internacional – segundo o institucionalismo neoliberal – preza pela otimização dos ganhos e havendo tomada de decisões dentro de um jogo repetitivo do regime internacional. Ou seja, ao minimizar os custos de transações em uma economia aberta, a cooperação se torna uma escolha estratégica que beneficia todos os envolvidos, superando os desafios cíclicos das relações em eixo.

 

REFERÊNCIAS

PATRÍCIO, R. (2006). As relações em eixo: novo paradigma da teoria das relações internacionais? SciELO, 1-19.