Causas sociais, representação e significado internacional: A Equipe Olímpica de Refugiados como símbolo de luta e esperança

Autoria por: Jessica Freitas, analista de redação da ANAPRI

Revisado por: Elaie Silva da Luz, coordenadora de comunicação e redação da ANAPRI.

Cada ato é um ato político, carregado de significado e simbologia, as Olimpíadas são a prova disso, o que a priori seria um evento esportivo, se tornou a cada edição, mais representativo e palco para diversas causas. Apesar de ter sido uma iniciativa recente, a Equipe Olímpica de Refugiados carrega grande importância de luta e resistência, chamando a atenção do mundo para algumas questões que mais crescem no cenário atual de guerras, crises climáticas e políticas: a imigração e os direitos humanos. 

Pessoas de alguma forma forçadas a abandonar suas casas e a sua vida, levam a um dos principais eventos esportivos mundiais a mensagem da esperança e da resiliência, inspirando seus iguais a encontrar no esporte uma nova forma de ver a vida, sem deixar de transmitir a importância da manutenção e promoção dos direitos humanos, principalmente dos refugiados, que sofrem todos os tipos de violência. No Brasil, segundo a ONU (2019), cerca de 73% dos imigrantes que já sofreram algum preconceito, atribuem ao fato de não serem nacionais. 

A representação desses atletas nos Jogos Olímpicos é uma afirmação de que todos merecem dignidade, independente de sua origem ou situação, essa participação em competições esportivas de alto nível demonstra que o esporte pode ser um veículo para a mudança social e o entrelaçamento de culturas. A boxeadora camaronense Cindy Ngamba  refugiada na Grã-Bretanha, conquistou a primeira medalha da Equipe Olímpica de Refugiados em Paris 2024.

Além de Cindy no Boxe, atletas refugiados participaram de modalidades como natação, ciclismo de estrada e judô. Apenas 10 atletas participaram da primeira aparição do Time de Refugiados, nas Olimpíadas de 2016, já nas Olimpíadas de Paris, 8 anos depois, a equipe contou com 37 atletas, graças aos países que acolheram suas imigrações e ao COI (Comitê Olímpico Internacional), que por meio do Programa de Bolsas de Atletas Refugiados que permitem que os atletas se concentrem em perseguir seu sonho, beneficiando-se do financiamento e do apoio ao treinamento oferecido pelos Comitês Olímpicos Nacionais. 

Por isso, os Jogos Olímpicos podem colaborar com o combate a preconceitos e desigualdades, dando visibilidade a diferentes causas sociais. “É por isso que o esporte pode ser considerado, nos dias atuais, como um dos fenômenos sociais de maior impacto em todo o mundo, fazendo com que indivíduos e nações compitam uns contra os outros, ao mesmo tempo em que une pessoas de uma forma como poucas outras atividades conseguem realizar. É nessa perspectiva que os jogos olímpicos, pan-americanos, mundiais e as copas do mundo tornaram-se megaeventos esportivos (RUBIO, 2007), que impactam as sociedades por onde passam e prendem a atenção do mundo, cujas nações mobilizam-se para assistir a esses atletas realizando feitos inacreditáveis, superando os limites do corpo e da mente humana e emocionando todos ao seu redor.” (Sanches, 2011).

Referências:

Conheça os atletas refugiados que competirão nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. JUL, 27 Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/2024/07/27/conheca-os-atletas-refugiados-que-competirao-nos-jogos-olimpicos-de-paris-2024/>. Acesso em: 13 ago. 2024.

Mais de 40% dos refugiados no Brasil dizem ter sofrido discriminação, revela pesquisa. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/83619-mais-de-40-dos-refugiados-no-brasil-dizem-ter-sofrido-discrimina%C3%A7%C3%A3o-revela-pesquisa>. Acesso em: 13 ago. 2024.

INTERNACIONAL, C. O. Jogos Olímpicos de Paris 2024 terão maior equipe de refugiados da história. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2024/05/1831131>. Acesso em: 13 ago. 2024.


Conheça os atletas refugiados que competiram nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020. Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/2021/07/09/conheca-os-atletas-refugiados-que-competem-nos-jogos-olimpicos-e-paralimpicos-de-toquio-2020/>. Acesso em: 13 ago. 2024a.

SANCHES, S. M.; RUBIO, K. A prática esportiva como ferramenta educacional: trabalhando valores e a resiliência. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 4, p. 825–841, 2011.

 

Sobre a autora: Jessica Freitas, acadêmica de relações internacionais, pesquisadora das comunicações políticas e mídia, voluntária em 4 projetos/ONGs