Convite à Subversão dos Estereótipos nas Relações Internacionais: Uma Análise Crítica

Autora: Ana Clara de S. Andrade, ex-analista de redação da ANAPRI 

Revisado por: Elaine Silva da Luz, coordenadora de redação e comunicação da ANAPRI

Observa-se recorrentemente a representação simplificada de indivíduos e nações, além do escopo do “homem-branco eurocêntrico” em diversos contextos, delineando estereótipos de natureza racista, sexista e xenofóbica que perduram na sociedade contemporânea. Este convite à reflexão fundamenta-se na análise da representação de latino-americanos, árabes, asiáticos, povos autóctones e diversas etnias, notando a desvalorização dessas representações no âmbito acadêmico, culminando em uma perspectiva cultural homogeneizada e padronizada (FERRARI, 2021; ROMERO-RODRÍGUEZ et al, 2018). 

Salienta-se que tais estereótipos étnicos não emergem de maneira aleatória, mas resultam de um sistema imperialista e capitalista, sob o domínio de grupos hegemônicos que exercem influência sobre as produções acadêmicas. Esta construção não se revela desprovida de intencionalidade, mas alinha-se a propósitos específicos, tais como a formação do pensamento social e a moldagem da visão societal, configurando-se como parte de uma política meticulosamente delineada. 

Mediante uma análise sob a ótica da psicologia política, desvela-se o impacto desses estereótipos na ordem política e social, consolidando padrões que servem aos interesses das classes dominantes. Direcionados contra grupos marginalizados, esses estereótipos objetivam a inferiorização e internalização de características específicas como elementos constitutivos de suas identidades. Adicionalmente, propaga-se a ilusão de uma identidade coletiva, desconsiderando as particularidades individuais desses grupos para favorecer a perspectiva imperialista. (FERRARI, 2021; MARTÍN-BARÓ). 

Países centrais, notavelmente os Estados Unidos, alavancam sua hegemonia para forjar estereótipos que delineiam o “outro” a partir de uma visão colonialista, relegando ao segundo plano os históricos, culturas e realidades autênticas desses povos. Esta caracterização, frequentemente pejorativa, emerge como justificativa ao domínio opressor, perpetuando a narrativa do homem branco salvador.

Considerando a academia como um veículo de difusão maciça de ideias que contribuem para a construção da realidade, torna-se latente a problemática subjacente à geração de estereótipos que solidificam e perpetuam visões racistas e sexistas. Sob a lente da psicologia política, essas construções operam sob uma ordem social de dominação, traduzindo-se na discriminação e diferenciação classista entre as nações. (ROMERO-RODRÍGUEZ et al, 2018). 

Diante do empenho do Sul Global em afirmar-se no cenário internacional, apresentando características distintivas e compreendendo as injunções imorais do mercado capitalista, emerge a imperatividade da subversão da imagem depreciativa desses povos. Este convite reflete, portanto, a urgência de considerar e desafiar esses estereótipos, promovendo uma perspectiva mais justa e equitativa nas relações internacionais. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

FERRARI, Mariana. A cor do preconceito. Istoé. [S.l.], 05 fev. 2021. Disponível em: <https://istoe.com.br/a-cor-do-preconceito/> Acesso em: 06 dez. 2021. 

MARTÍN-BARÓ, I. Psicologia Política do Trabalho na América Latina. Revista Psicologia Política, São Paulo, v. 14, n. 31, p. 609-624, dez. 2014. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2014000300012&l ng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 06 dez. 2021. 

ROMERO-RODRÍGUEZ, Luis M; CASAS-MORENO, Patricia de; MARAVER-LÓPEZ, Pablo; PÉREZ-RODRÍGUEZ, Amor. Representaciones y estereotipos latinoamericanos en las series españolas de prime time (2014-2017). Convergencia, Toluca, v. 25, n. 78, p. 93-12, dez. 2018. Disponível em 

<http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1405-14352018000300093&l ng=es&nrm=iso> Acesso em: 06 dez. 2021.

 

Sobre a autora: A autora fez parte do corpo de voluntários, e está tendo relançamentos dos textos produzidos durante sua estadia no corpo de voluntários.