Autoria por: Pedro Solon Assis Ramelli, ex-analista de redação.
Revisado por: Elaine Silva da Luz, coordenadora de redação e comunicação da ANAPRI
A Federação de Futebol da Eritreia (ENFF) comunicou, no sábado (11/11/2023), a retirada da seleção de futebol masculina do país das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, a seleção enfrentaria o Marrocos, na quinta (16/11/2023), pelo grupo E. Embora o motivo oficial não tenha sido divulgado, o jornal ‘The Guardian’, relata que uma das principais razões é o temor de que os jogadores busquem asilo político em outros países ao participarem de partidas fora da Eritreia.
O país vive um regime opressivo sob o comando do presidente Isaias Afwerki há mais de 30 anos – desde a independência da região e nunca houve eleição desde então -, e é frequentemente excluído de competições internacionais por conta da deserção dos jogadores que aproveitam os jogos fora de casa para fugir do país. A medida do governo foi tomada para evitar episódios que já aconteceram. Desde 2009, estima-se que mais de 60 jogadores eritreus tenham solicitado asilo político durante compromissos internacionais. O caso mais recente ocorreu em 2021, quando cinco jogadoras da seleção sub-20 feminina fugiram antes de uma partida contra Uganda pelo torneio do Conselho das Associações de Futebol da África Oriental e Central (CECAFA). Em 2019, sete jogadores, também, desapareceram na Uganda após uma vitória nas semifinais pela Taça Cecafa, perdendo a oportunidade de pela primeira vez a seleção disputar uma final pelo campeonato. A chance da conquista do campeonato, também, foi desperdiçada depois da fuga de quatro jogadores da seleção sub-20, no mesmo ano, também na Uganda, logo após uma vitória nas quartas de final pelo mesmo campeonato.
A seleção masculina da Eritreia, a qual não joga desde janeiro de 2020, jogaria contra o Marrocos, Zâmbia, Congo, Tanzânia e Nigéria pelas eliminatórias, e estava em preparação havia três meses. Segundo Daniel Solomon, criador da página ‘Eritrean Football’, os aficionados pelo futebol eritreu enfrentarão a perspectiva de assistir sua seleção por mais alguns anos no futebol competitivo, corroborada pela má administração do regime de Isaias Afwerki.
*Texto em caráter de opinião do autor.
Sobre o autor: O autor fez parte do corpo de voluntários, e está tendo relançamentos dos textos produzidos durante sua estadia no corpo de voluntários.